terça-feira, 28 de julho de 2009

O Beco

Ao som de maracatus enxerga a arte que ninguém vê.

As cores vibram.

E com sua vibração parecem dançar ao ritmo do batuque.

Tudo é fotografado.

Imagens, vezes ocultas, se deixam desvendam pela lente da câmera.

Toda realidade e toda imaginação se unem - ah, como se beijam.

E a voz delicada de mulheres ecoam no beco. Beco que tem cidades, pessoas, idéias, mas se quer saem dali.

Todos tão estáticos, tão quietos, tão observadores - observados são.

Não há distinção, extinção, corrupção. Tudo igualmente colorido, igualmente expressivo.

Os olhos estagnam. Onde mais encontrar tal beleza, se não entre paredes tão estreitas?

Deixa Maria. Mas será que Maria já passou por lá?

Mulher digna de ser cantada no batuque dos colombolos, será que tu és digna também de enxergar?

Dançar, pintar. Qual mais bela entre as artes, já não se sabe distinguir.

Menina que dança, encanta, balança seus babados de cetim.

A fitar - estremeço!

Beleza delicada, mãos de algodão, terias feito todas aquelas cores?

"Só de mãos tão belas como as tuas poderiam brotar".

Mas não. Mãos calozas, grosseiras, que rasgariam teu cetim serviram àquelas imagens.

Mãos que em seu interior tem um batuque, uma dança, tem Marias, tem amor.


Mayara Franzini

sexta-feira, 24 de julho de 2009

É por amor

Indo para o trabalho, percebo uma movimentação. Helicópteros. Percebo que é a imprensa. Meus sentidos aguçados buscam saber o acontecimento, olho, ouço, tento deduzir o que ocorre.
Contatos, e a notícia: aconteceu um assassinato na rua paralela onde estou. O dever me chama. Apurar, noticiar, informar a população do que acontece, buscar as causas, os fatos.
Meu coração se explode de adrenalina.
De repente começo a perceber as pessoas a minha volta, indiferentes ao fato, à movimentação, ao acontecimento. Como podem eles não desejar saber o que acontece, será que vivem?
Emociono-me por um instante – eu tenho amor pelo que escolhi fazer!
Entro na padaria, olho os “cozinheiros”, vejo na TV o noticiário.
O que aconteceu? Morte ou atropelamento?
Não sei.
Mas você não viu agora? – pergunto apontando para a televisão.
Não, o que aconteceu?
Nem com o noticiário eles se importam, a notícia pronta, cuspida em suas caras e nem sequer a ouviram. Será que seriam capazes de faze-las? Capazes de escrever de forma que informem toda população.
Meu senhor, para ser jornalista não basta escrever, tem que ter amor, isso é dom meu caro!
Não me importa um pedaço de papel que alguém assinou dizendo que sou jornalista. Eu o sou desde o ventre – nasci jornalista.
Estudo para me aperfeiçoar, terei meu diploma e sendo ele necessário ou não, lutarei para conquistar meu espaço.

Eu amo o que faço.

Mayara Franzini.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Advertência

O primeiro texto deste blog não será de minha autoria, mas sim de Felipe Pena, autor do livro Jornalismo Literário da Editora Contexto. Uma pequena explicação e como ele denomina em seu livro, uma advertência aos leitores.


" Escrevo porque não sei fazer música. Se soubesse ler partituras e articular notas harmônicas, não me arriscaria nessas linhas tortas e analfabetas. A música é uma forma de comunicação muito mais eficaz e perene. Qualquer canção permanece por mais tempo no imaginário do que o melhor dos textos literários. Mas é preciso ter ouvido sensível e alma dançante. Como não fui capaz de desenvolver tais habilidades, fiz a faculdade de Jornalismo. Na verdade, queria ser escritor, mas logo descobri que seria emparedado pelas regras de objetividade da imprensa diária.
As páginas a seguir representam uma tentativa de quebrar essas paredes. Mas não se iluda, caro leitor. Dizem que o bom texto segue padrões musicais. Tem ritmo, harmonia e sonoridade. Se você possui essas três qualidades, largue logo este livro e corra para o piano. Não perca seu tempo com a Literatura. Muito menos com o Jornalismo. Preocupe-se apenas com a melodia."


Sejam sempre muito bem-vindos, espero que gostem, ou não. De qualquer forma, deixe suas opiniões, será de grande aprendizado a esta que ainda irá nascer.


Mayara Franzini