quinta-feira, 7 de abril de 2011

A tragédia no Rio e em nós

Uma escola onde centenas de crianças que, provavelmente, com muito custo seus pais os fizeram levantar da cama, os arrumaram, enquanto também se organizavam para ir trabalhar, lhe deram o café da manhã e, confiantes em um futuro melhor, os levaram para a escola.


O futuro não foi tão bom quanto o esperado.


Um rapaz de 24 anos, ex aluno e suposto palestrante também acordou cedo, vestiu-se talvez com sua melhor roupa, apanhou seu papel com alguns dizeres e uma certeza no coração, hoje acabaria com sua vida - e com a de muitas outras pessoas.
Um extermínio dentro da escola que frustrantemente tentou fazer deste, um homem. Vinte duas pessoas feridas destas, 10 mortas, milhares com marcas permanentes e apenas uma com o seu objetivo cumprido, Wellington.


Neste momento de profundo pesar, há insegurança ao pensar que daqui algum tempo quem estará na escola, lugar até então considerado seguro, será meu filho, mas há também um tanto de reflexão para tentar compreender e achar um mínimo motivo para tal acontecimento.
Penso em Bullying e lembro das tantas vezes que por "brincadeira" ri, coloquei apelidos, fiz chacotas com meus coleguinhas. Quantas marcas será que deixei nessas pessoas?
Eu, que poucas vezes fui a vítima nessas situações por conta de uma traumática bota ortopédica, tenho claras lembranças da minha tristeza e constrangimento, como será para quem sofria diariamente seja por sua barriga, orelha, cabelo, do seu silêncio, pela religião ou até mesmo por, simplesmente, ser um bom aluno?
Não há justificativa que não seja o psicológico.
NÃO HÁ JUSTIFICATIVA.


Há marcas eternas aos envolvidos.
Há marcas sociais nas escolas, nos lares, nas instituições religiosas, em nossas consciências.
          
                                           ° ° °


Perdão à todos que um dia foram vítimas de minhas chacotas.
Meus sentimentos e orações à todos que perderam suas crianças, à família deste psicopata, à todos os alunos e envolvidos que terão para sempre as marcas deste triste fato em suas vidas.


Que Deus conforte, guie e guarde a todos nós.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

É agora

Chega o momento em que definitivamente será cortado o cordão umbilical. Não o meu com meu pequeno que ainda está na barriga, e ficará por ali mais 2 meses, mas sim o meu com meus pais, com minha casa, minha infância, nosso cheirinho.

De sete meses até hoje muitas coisas anunciaram mudanças, mas todas elas se concretizarão neste sábado, dia 12 de junho as 10 hs - e isso me dá medo.
Não tenho medo por estar em dúvida das decisões que tomei, mas sim por saber que nem todas as noites estarei ao lado de meus pais para falar as tantas babozeiras que sempre falamos e ao final ouvir um melodioso "boa noite" sempre sincronizado, primeiro mamãe, depois papai.

Sempre neguei ser mimada pela minha condição de filha única, mas confesso, fui mimada sim, e da melhor maneira! Por mais atenção que tivesse, nunca houve espaço para a arrogância e a mesquinharia típicas desse destino. Ao contrário, isso me ensinou que todos precisam sentir esse amor, no mínimo uma vez na vida, portanto divido.

Entre tantas pessoas que conheci, arrisquei-me a ter apego em muitas, sempre na visão de grandes "braços direitos" em todas as horas, porém vejo que só poderia ser, efetivamente, parte tão importante de mim, quem um dia fiz parte também. Minha raiz. Meu tudo.
E mesmo que eu faça as melhores e mais belas coisas deste mundo, ainda assim não conseguirei retribuir os seus feitos. Obrigada meus pais!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Gravidez


Comecei a escrever um poema, mas depois entendi que o fato em si já é poesia. Estou grávida e isso é como se eu mesma tivesse a oportunidade de um novo nascimento. Minha vontade de viver nunca foi tão intensa.

Um coração batendo dentro de mim, a cada segundo, inalando a minha vida para viver. Eu já vivo por ele.

Fico a imaginar como meu bebê se sente em um lugar escuro e úmido. Como será que ele ira encarar o mundo aqui fora? Melhor ou pior do que agora?

Um ser que é só e puramente amor, feito de amor, para ser amado e amar, muito. Como viverá em um mundo tão carente de sentimentos? Que seja ele um transmissor do amor que carrega.

Noites de sonhos múltiplos, sobre o filho, a casa. Nova vida. Nova família. Novo encanto.

Deixar de ser a filha é difícil, ser a mãe, mais ainda. Agora entendo o olhar de minha mãe todas as noites ao dizer: Dorme com Deus. Ou mesmo pela manhã ao se despedir da filha que vai trabalhar.

Que eu seja forte e corajosa como meus pais que novos me amaram e reconheceram com digna da vida!

Seja muito bem vinda minha criança. A mamãe está aqui, super ansiosa para ver seu rostinho! O papai te espera. Vem logo mostrar seu sorrisinho banguelo!

E até daqui a pouco!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009


O fechamento da década em que aconteceu gradativa mudança, exatamente aquela que não queria. Uma infância, propriamente dita, ficou para trás. Tive que buscar em um lugar que não queria as tais responsabilidades clichês dessa monótona vida de "adulto". Tenho de confessar que nessa trajetória algumas delas caíram e não fiz questão nenhuma em voltar para buscá-las. Quero minha criança sempre comigo!

O ano em particular começou bem. O final, porém, foi trágico.
Simplesmente por isso não posso amaldiçoar dizendo que foi um ano ruim, estaria dando as costas aos tantos sorrisos que dei que recebi. Ignoraria as tantas alegrias que brotaram em meu coração, ainda que algumas apenas por um breve momento.

Passou a crise, que em mim que não tenho ações não atingiu em quase nada, a não ser na redução do IPI nas Casas Bahia. Assustadoramente inúmeras mortes que me fez pensar em cuidar mais do meu coração. O terrorista Mor, George W. Bush saiu e entrou o Darth Vader havaiano, Barack Obama. Meu querido presidente Lula teve 80% de aprovação e mostrou toda sua simpatia.

Aconteceu uma reforma ortográfica que parece já ter sido esquecida. Já outras duas leis que achei super digna e que espero que não seja jogada no porão como tantas outras, Lei Seca e Lei Antifumo.

Uma pandemia, que também já foi esquecida e que carrega minhas dúvidas de ate que ponto esse alarde era verdadeiro.

Nos esportes temos Marta, Cesar Cielo e Luis Fabiano em momentos ótimos na carreira, R. Gaúcho em um não tão bom assim, juntamente com o Palmeiras que ficou fora da Libertadores. Corinthians com Ronaldo e Zina. E principalmente, a grande conquista das Olimpíadas 2016 para o Rio.

Por falar em Rio, fui pela primeira vez e pretendo voltar sempre. Ou melhor, para sempre.

Coisas que acontecem todos os anos, mas não deveria e que não foi diferente em 2009: acidentes com aviões, escândalos políticos e as intermináveis enchentes e pontos de alagamentos. Esses sim variaram esse ano - Há casas que está a um mês debaixo d'água!

Algumas coisas que não vale comentários.

Descobri o Twiiter e pior, viciei!

Assisti muitos filmes ótimos - maioria de produção brasileira - e fiquei horas deitada no sofá.

No geral, acho que fui feliz - na medida do improvável.

Bom recomeço de calendário. Pois a vida continua...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Frustração


As minhas crianças se perderam na necessidade de sobrevivência. Tudo o que se vê são olhos vazios e lembranças cheias de mágoas.
A tão linda inocência deu lugar à malícia adulta.
Como a cidade, os corações se tornaram cinzas.
Uma melancolia se estabeleceu na existência humana e enquanto vivem sua dor, fumam sua pedra homeopática.
Náuseas e calafrios em tudo que vejo.
Esse não é o mundo que sonhei. Quem sonharia com a destruição?

Todas as melodias, alegrias se diluíram no poluído ar.
A tristeza impera em meu coração. E talvez nunca saia.
Nas mazelas brotam palavras.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

2.0

5 + 15
4 x 5
1 + 19
2 décadas.
Hoje se comemora o que há 20 anos começava. Uma vida.
Tempo que muito sorri de nervoso e chorei de alegria.
Brincadeiras com meus pais foram tantas que jamais me esquecerei. Como era bom, como é bom olhá-los!
Carrego saudades. Carrego imagens, verdades.
Saudações a todos que de alguma forma fizeram parte desses anos. Àqueles que conheceram a menina, e àqueles que conheceram já mulher.
Feliz o dia que existi. Dia que aguardou 19 anos para que eu tivesse o maior dos presentes, o que tem nome e sobrenome. W.D.
20 anos que construiu para hoje, gosto de esperança. De construção. Um ciclo que começou há dois anos me conduz.
Cartinteira de mim mesma, planto para um dia colher.
Sou hoje tudo que pude ser. Que seja melhor em outro momento.

Parabéns aos que comemoram a vida.
Parabéns aos que "comemoram" a morte.
Parabéns aos que tem esperança.
Parabéns aos que escolhem viver.
Parabéns aos que ao desistir, preservam a dignidade.

Parabéns aos que me aturam, me amam e pensam em mim.
Parabéns aos que me odeiam declaradamente. E aos covardes que preferem não declarar.

Parabéns àquela menina que ignorou conselhos criminosos e deixou alguns sonhos adolescentes para conceber. Àquele garoto que largou seus Rock and Roll's e deu duro para construir o melhor para sua nova família. Obrigada. Valeu a pena!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A você companheiro...trânsito.

.
Que tanto já me tirou o sono
A paciência
O tempo
O momento
Os cabelos
As lágrimas
As saudações
A educação
O sorriso
A saúde
A alegria
O horário

Trânsito que eu odeio, e tantos como eu ficam juntos, esmagados, irritados no cinza metrópole!

Hoje meu pior inimigo - e difícil ter outro igual, mas o mais presente em meu dia a dia.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O Beco

Ao som de maracatus enxerga a arte que ninguém vê.

As cores vibram.

E com sua vibração parecem dançar ao ritmo do batuque.

Tudo é fotografado.

Imagens, vezes ocultas, se deixam desvendam pela lente da câmera.

Toda realidade e toda imaginação se unem - ah, como se beijam.

E a voz delicada de mulheres ecoam no beco. Beco que tem cidades, pessoas, idéias, mas se quer saem dali.

Todos tão estáticos, tão quietos, tão observadores - observados são.

Não há distinção, extinção, corrupção. Tudo igualmente colorido, igualmente expressivo.

Os olhos estagnam. Onde mais encontrar tal beleza, se não entre paredes tão estreitas?

Deixa Maria. Mas será que Maria já passou por lá?

Mulher digna de ser cantada no batuque dos colombolos, será que tu és digna também de enxergar?

Dançar, pintar. Qual mais bela entre as artes, já não se sabe distinguir.

Menina que dança, encanta, balança seus babados de cetim.

A fitar - estremeço!

Beleza delicada, mãos de algodão, terias feito todas aquelas cores?

"Só de mãos tão belas como as tuas poderiam brotar".

Mas não. Mãos calozas, grosseiras, que rasgariam teu cetim serviram àquelas imagens.

Mãos que em seu interior tem um batuque, uma dança, tem Marias, tem amor.


Mayara Franzini