quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009


O fechamento da década em que aconteceu gradativa mudança, exatamente aquela que não queria. Uma infância, propriamente dita, ficou para trás. Tive que buscar em um lugar que não queria as tais responsabilidades clichês dessa monótona vida de "adulto". Tenho de confessar que nessa trajetória algumas delas caíram e não fiz questão nenhuma em voltar para buscá-las. Quero minha criança sempre comigo!

O ano em particular começou bem. O final, porém, foi trágico.
Simplesmente por isso não posso amaldiçoar dizendo que foi um ano ruim, estaria dando as costas aos tantos sorrisos que dei que recebi. Ignoraria as tantas alegrias que brotaram em meu coração, ainda que algumas apenas por um breve momento.

Passou a crise, que em mim que não tenho ações não atingiu em quase nada, a não ser na redução do IPI nas Casas Bahia. Assustadoramente inúmeras mortes que me fez pensar em cuidar mais do meu coração. O terrorista Mor, George W. Bush saiu e entrou o Darth Vader havaiano, Barack Obama. Meu querido presidente Lula teve 80% de aprovação e mostrou toda sua simpatia.

Aconteceu uma reforma ortográfica que parece já ter sido esquecida. Já outras duas leis que achei super digna e que espero que não seja jogada no porão como tantas outras, Lei Seca e Lei Antifumo.

Uma pandemia, que também já foi esquecida e que carrega minhas dúvidas de ate que ponto esse alarde era verdadeiro.

Nos esportes temos Marta, Cesar Cielo e Luis Fabiano em momentos ótimos na carreira, R. Gaúcho em um não tão bom assim, juntamente com o Palmeiras que ficou fora da Libertadores. Corinthians com Ronaldo e Zina. E principalmente, a grande conquista das Olimpíadas 2016 para o Rio.

Por falar em Rio, fui pela primeira vez e pretendo voltar sempre. Ou melhor, para sempre.

Coisas que acontecem todos os anos, mas não deveria e que não foi diferente em 2009: acidentes com aviões, escândalos políticos e as intermináveis enchentes e pontos de alagamentos. Esses sim variaram esse ano - Há casas que está a um mês debaixo d'água!

Algumas coisas que não vale comentários.

Descobri o Twiiter e pior, viciei!

Assisti muitos filmes ótimos - maioria de produção brasileira - e fiquei horas deitada no sofá.

No geral, acho que fui feliz - na medida do improvável.

Bom recomeço de calendário. Pois a vida continua...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Frustração


As minhas crianças se perderam na necessidade de sobrevivência. Tudo o que se vê são olhos vazios e lembranças cheias de mágoas.
A tão linda inocência deu lugar à malícia adulta.
Como a cidade, os corações se tornaram cinzas.
Uma melancolia se estabeleceu na existência humana e enquanto vivem sua dor, fumam sua pedra homeopática.
Náuseas e calafrios em tudo que vejo.
Esse não é o mundo que sonhei. Quem sonharia com a destruição?

Todas as melodias, alegrias se diluíram no poluído ar.
A tristeza impera em meu coração. E talvez nunca saia.
Nas mazelas brotam palavras.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

2.0

5 + 15
4 x 5
1 + 19
2 décadas.
Hoje se comemora o que há 20 anos começava. Uma vida.
Tempo que muito sorri de nervoso e chorei de alegria.
Brincadeiras com meus pais foram tantas que jamais me esquecerei. Como era bom, como é bom olhá-los!
Carrego saudades. Carrego imagens, verdades.
Saudações a todos que de alguma forma fizeram parte desses anos. Àqueles que conheceram a menina, e àqueles que conheceram já mulher.
Feliz o dia que existi. Dia que aguardou 19 anos para que eu tivesse o maior dos presentes, o que tem nome e sobrenome. W.D.
20 anos que construiu para hoje, gosto de esperança. De construção. Um ciclo que começou há dois anos me conduz.
Cartinteira de mim mesma, planto para um dia colher.
Sou hoje tudo que pude ser. Que seja melhor em outro momento.

Parabéns aos que comemoram a vida.
Parabéns aos que "comemoram" a morte.
Parabéns aos que tem esperança.
Parabéns aos que escolhem viver.
Parabéns aos que ao desistir, preservam a dignidade.

Parabéns aos que me aturam, me amam e pensam em mim.
Parabéns aos que me odeiam declaradamente. E aos covardes que preferem não declarar.

Parabéns àquela menina que ignorou conselhos criminosos e deixou alguns sonhos adolescentes para conceber. Àquele garoto que largou seus Rock and Roll's e deu duro para construir o melhor para sua nova família. Obrigada. Valeu a pena!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A você companheiro...trânsito.

.
Que tanto já me tirou o sono
A paciência
O tempo
O momento
Os cabelos
As lágrimas
As saudações
A educação
O sorriso
A saúde
A alegria
O horário

Trânsito que eu odeio, e tantos como eu ficam juntos, esmagados, irritados no cinza metrópole!

Hoje meu pior inimigo - e difícil ter outro igual, mas o mais presente em meu dia a dia.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O Beco

Ao som de maracatus enxerga a arte que ninguém vê.

As cores vibram.

E com sua vibração parecem dançar ao ritmo do batuque.

Tudo é fotografado.

Imagens, vezes ocultas, se deixam desvendam pela lente da câmera.

Toda realidade e toda imaginação se unem - ah, como se beijam.

E a voz delicada de mulheres ecoam no beco. Beco que tem cidades, pessoas, idéias, mas se quer saem dali.

Todos tão estáticos, tão quietos, tão observadores - observados são.

Não há distinção, extinção, corrupção. Tudo igualmente colorido, igualmente expressivo.

Os olhos estagnam. Onde mais encontrar tal beleza, se não entre paredes tão estreitas?

Deixa Maria. Mas será que Maria já passou por lá?

Mulher digna de ser cantada no batuque dos colombolos, será que tu és digna também de enxergar?

Dançar, pintar. Qual mais bela entre as artes, já não se sabe distinguir.

Menina que dança, encanta, balança seus babados de cetim.

A fitar - estremeço!

Beleza delicada, mãos de algodão, terias feito todas aquelas cores?

"Só de mãos tão belas como as tuas poderiam brotar".

Mas não. Mãos calozas, grosseiras, que rasgariam teu cetim serviram àquelas imagens.

Mãos que em seu interior tem um batuque, uma dança, tem Marias, tem amor.


Mayara Franzini

sexta-feira, 24 de julho de 2009

É por amor

Indo para o trabalho, percebo uma movimentação. Helicópteros. Percebo que é a imprensa. Meus sentidos aguçados buscam saber o acontecimento, olho, ouço, tento deduzir o que ocorre.
Contatos, e a notícia: aconteceu um assassinato na rua paralela onde estou. O dever me chama. Apurar, noticiar, informar a população do que acontece, buscar as causas, os fatos.
Meu coração se explode de adrenalina.
De repente começo a perceber as pessoas a minha volta, indiferentes ao fato, à movimentação, ao acontecimento. Como podem eles não desejar saber o que acontece, será que vivem?
Emociono-me por um instante – eu tenho amor pelo que escolhi fazer!
Entro na padaria, olho os “cozinheiros”, vejo na TV o noticiário.
O que aconteceu? Morte ou atropelamento?
Não sei.
Mas você não viu agora? – pergunto apontando para a televisão.
Não, o que aconteceu?
Nem com o noticiário eles se importam, a notícia pronta, cuspida em suas caras e nem sequer a ouviram. Será que seriam capazes de faze-las? Capazes de escrever de forma que informem toda população.
Meu senhor, para ser jornalista não basta escrever, tem que ter amor, isso é dom meu caro!
Não me importa um pedaço de papel que alguém assinou dizendo que sou jornalista. Eu o sou desde o ventre – nasci jornalista.
Estudo para me aperfeiçoar, terei meu diploma e sendo ele necessário ou não, lutarei para conquistar meu espaço.

Eu amo o que faço.

Mayara Franzini.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Advertência

O primeiro texto deste blog não será de minha autoria, mas sim de Felipe Pena, autor do livro Jornalismo Literário da Editora Contexto. Uma pequena explicação e como ele denomina em seu livro, uma advertência aos leitores.


" Escrevo porque não sei fazer música. Se soubesse ler partituras e articular notas harmônicas, não me arriscaria nessas linhas tortas e analfabetas. A música é uma forma de comunicação muito mais eficaz e perene. Qualquer canção permanece por mais tempo no imaginário do que o melhor dos textos literários. Mas é preciso ter ouvido sensível e alma dançante. Como não fui capaz de desenvolver tais habilidades, fiz a faculdade de Jornalismo. Na verdade, queria ser escritor, mas logo descobri que seria emparedado pelas regras de objetividade da imprensa diária.
As páginas a seguir representam uma tentativa de quebrar essas paredes. Mas não se iluda, caro leitor. Dizem que o bom texto segue padrões musicais. Tem ritmo, harmonia e sonoridade. Se você possui essas três qualidades, largue logo este livro e corra para o piano. Não perca seu tempo com a Literatura. Muito menos com o Jornalismo. Preocupe-se apenas com a melodia."


Sejam sempre muito bem-vindos, espero que gostem, ou não. De qualquer forma, deixe suas opiniões, será de grande aprendizado a esta que ainda irá nascer.


Mayara Franzini